O acordo falho: famílias desalojadas em Rio Branco retornam para a área de invasão
Após aceitarem acordo com o governo e desocuparem a frente da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), as famílias que moravam na área de invasão Terra Prometida retornaram horas depois para o acampamento em frente ao Poder Legislativo. Alegando que o governo fez falsas promessas e que o local para onde foram levados não tinha o mínimo de estrutura para recebê-los, essas famílias enfrentam uma situação difícil e incerta.
Desapropriação e ocupação
A área onde as famílias moravam foi desapropriada no dia 15 de agosto, no bairro Irineu Serra, em Rio Branco. Mais de 100 casas foram demolidas no local, deixando essas famílias sem ter para onde ir. Diante dessa situação, um grupo de cerca de 50 famílias ocupou o hall de entrada da Aleac, exigindo providências por parte do governo e demais autoridades.
Em busca de soluções para o problema, a equipe do [NOME DO MEIO DE COMUNICAÇÃO] entrou em contato com o governo e aguarda retorno até a última atualização desta reportagem.
Acordo com o governo
No final da tarde dessa sexta-feira (29), o governador Gladson Cameli foi até a frente da Aleac conversar com as famílias e levou uma proposta que incluía medidas para a realocação imediata delas e o início da construção de novas habitações. Dentre as medidas propostas, estava acomodar 30 famílias na ocupação Marielle Franco, no bairro Defesa Civil, onde seriam montadas tendas para abrigar as barracas de todos os envolvidos.
Após aceitarem o acordo, as famílias começaram a deixar o acampamento e foram levadas para a ocupação Marielle Franco. Entretanto, de acordo com relatos da dona de casa Laiana Vasque, o local não tinha banheiro químico como foi prometido e estava cheio de mato, levando as famílias a retornarem para a Aleac.
"Eu acredito que foi baseado em mentiras, porque nós acreditamos no que eles falaram para nós, que seríamos deslocados para o Marielle Franco, a partir do momento que aceitássemos o acordo. Alguns foram para o Aluguel Social e ficaram 30 para o Marielle Franco. Disseram que haveria toda uma estrutura, uma tenda, um banheiro químico. Nós assinamos o acordo, mas quando as primeiras famílias chegaram lá, não tinha tendas como prometido, não tinha banheiro, era um matagal. Eles deixaram as pessoas dentro do mato", relatou Laiana.
A dona de casa ainda destacou as dificuldades enfrentadas pelas famílias para retornarem à Aleac, incluindo a necessidade de pagar frete. "Teve gente que chegou chorando, principalmente a mãe da criança que estava com uma febre alta, o Samu veio aqui para atender a criança. Outra mulher passou mal nessa situação", completou.
Outra moradora, Francisca da Silva, está acampada na Aleac com o marido e uma filha de 8 meses. Ela conta que passou mal e precisou de atendimento do Samu após a experiência na ocupação Marielle Franco. "Minha filha passou mal, ela estava gripada, febril. Minha pressão também subiu e a minha cirurgia é muito recente, tem apenas 8 meses. Nós fomos tirados daqui para debaixo de uma tenda. Quando chegamos lá, nos deparamos com chuva, ficamos ao relento, pois não havia cobertura. Além disso, estava no meio do matagal. Nós queremos uma solução. Eu queria sair daqui diretamente para uma casa, porque quando derrubaram nossas casas, nós estávamos dentro de uma casa, pequena, mas cabia nossos filhos e nossa família", reclamou.
Proposta do governo
Apesar dos problemas enfrentados pelas famílias, o governo apresentou uma proposta com medidas para a solução do problema habitacional enfrentado pelos envolvidos:
- Realocação para o conjunto habitacional Marielle Franco: O governo do Estado se comprometeu em acomodar 30 famílias na ocupação Marielle Franco, em colaboração com a Associação Esperança para um Novo Milênio. Serão montadas tendas para abrigar as barracas de todas as famílias.
- Apoio na construção de habitações: O governo doará materiais para a construção de 30 comodidades, cada uma com dimensões de 16 metros quadrados, destinadas às famílias abrigadas na ocupação Marielle Franco.
- Assistência financeira: Além disso, o governo se compromete a viabilizar o pagamento de aluguel social para 15 famílias que não foram acomodadas na ocupação Marielle Franco.
- Garantia de propriedade futura: Ficou estabelecida a garantia de contemplação de imóveis para as famílias na ocasião em que essas novas habitações forem edificadas.
Apesar das promessas de solução por parte do governo, a experiência negativa vivenciada pelas famílias na ocupação Marielle Franco comprometeu a confiança no acordo. Agora, essas famílias enfrentam novamente a incerteza de não terem um lugar digno para morar.
É necessário que as autoridades busquem soluções reais e efetivas para essas famílias desalojadas, garantindo não apenas a realocação, mas também uma estrutura mínima adequada às necessidades básicas de todos.
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