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Os causos, batidas e perrengues de Vhoor, DJ mineiro que estuda o funk desde os 15 anos

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Quando uma batida de funk toca em uma boate fora do Brasil, Vhoor está por trás

Quando uma batida de funk toca em uma boate fora do Brasil, há uma boa chance de o responsável por isso ser o pacato e sagaz DJ mineiro do vídeo acima. Vhoor, codinome de Victor Hugo de Oliveira Rodrigues, é um dos principais exportadores do funk brasileiro para outros mercados.

Nos últimos meses, o produtor de 25 anos lotou clubs nos Estados Unidos, no Canadá e em países da Europa. Teve tempo ainda para uma apresentação no Boiler Room, prestigiada plataforma inglesa com DJs tocando ao vivo, uma referência para quem curte música eletrônica.

Os primeiros passos na música

O começo foi há cerca de 10 anos. ?Eu ia para o cursinho, estudava um pouco, chegava em casa e ficava até de noite estudando como conseguir produzir, assistindo vídeo no YouTube, tentando fazer tudo sozinho. Até que as coisas foram caminhando aos poucos?, relembra Vhoor.

Naquela época, ele se juntava ao primo e a alguns amigos para entender como músicas de diferentes estilos eram produzidas. Em comunidades no Facebook e em fóruns de fãs de videogame, acabou recebendo dicas de como baixar e usar programas como o FL Studio.

Na adolescência, Vhoor só não se dedicava 100% aos beats porque também trabalhava e estudava para o vestibular de Economia. Quando era menor aprendiz em uma empresa de logística belo-horizontina, criou festas com amigos de escritórios e de bancos. Eram os bailes "das pessoas que trabalhavam".

?A gente juntava a grana que a gente tinha e fazia essas resenhas. Foi bem na época que estava começando a estourar o funk ostentação. Então, fui conhecendo vários desses funks. Fui me apaixonando, porque era um momento que eu estava saindo de casa, deixando de ser nerd, deixando de ficar na frente do computador. Comecei a dar rolê com meus amigos.?

O reconhecimento internacional

Em 2014, a Nike usou uma música de Vhoor em um vídeo para uma campanha publicitária da NBA, a liga norte-americana de basquete. A música foi retirada do perfil do então garoto de 16 anos no Soundcloud, sem que ele soubesse. Victor só recebeu o dinheiro dos direitos autorais após reivindicá-los.

"Foi o episódio que mostrou que dava para viver disso... Tudo aconteceu na minha vida no momento certinho." E ainda ganhou em dólar, né? Ele responde rindo: "Foi muito engraçado, eu tendo que ir ao banco falar sobre transferência internacional, de chinelo e bermuda. Eu não sabia nada. Fui lá, tive que desembolar, mas foi uma parada que deu para a gente conseguir fazer as coisas lá dentro de casa."

Antes, havia comprado um fone de ouvido com o dinheiro que havia sobrado de uma das mensalidades do cursinho. O padrinho trabalhava com construção civil nos Estados Unidos e mandava R$ 400, todo mês. "Foi o meu primeiro fone de produção".

De Nova York a Jaboticatubas

Nascido e criado na região de Venda Nova, em Belo Horizonte, Victor Hugo teve contato com a música desde pequeno. O pai dava aulas de violão e foi integrante de bandas de bailes de formatura, festas de debutantes e outros convescotes em geral.

?Meu pai gostava de ouvir rádios internacionais, sempre foi meio doidão de música. Ele pegava esses aplicativos de celular e tinha rádio de Nova York, rádio de Londres. Ele sempre gostou de pesquisar música, então eu sempre pensei nessa onda. Pô, como que eu consigo misturar minha música com o que está acontecendo lá fora??

Desde então, todos os projetos de Vhoor tentam responder essa pergunta: seus discos e sets são conceituais. ?Maré?, EP lançado em agosto passado, reflete a calmaria do interior mineiro, especialmente de Jaboticatubas, cidade cheia de cachoeiras e com pouco mais de 20 mil habitantes, a 60 quilômetros de BH. Há uma batida que representa o som dos pássaros voando pelas folhagens e um arranjo no meio do caminho entre a house music e o forró.

O próximo projeto deve ser um álbum bem mais urbano. A ideia é ?sair falando um pouco sobre a cultura hip hop de Belo Horizonte e todo o movimento do viaduto de Santa Teresa?. No disco ainda sem data de lançamento, deve repetir a parceria com o também mineiro FBC.

"Foi um trabalho de pesquisa sobre a cena cultural do funk de Belo Horizonte e do Rio de Janeiro."

Meio avesso aos números de redes sociais e a dancinhas em geral, Vhoor parece ter outras preocupações. "Talvez a maior conquista seja poder trabalhar com música, sabe? Poder fazer o que gosta, receber por causa disso e ter reconhecimento é um privilégio para poucos ainda."

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